Liberdade!
O que é a Liberdade? Ela é sentimento comum a todos os homens? Tem a
mesma dimensão em todas as culturas? E nas ditaduras, o que ela
significa para os oprimidos que nunca a tiveram? Qual seria o seu valor
para quem já a teve e a perdeu pelo jugo dos tiranos? A Liberdade é
somente do corpo ou é também do espírito? Para que o Homem seja
efetivamente livre é preciso que ele esteja liberto das amarras da
servidão, seja física, política, religiosa, cultural ou da própria
consciência? Ou a Liberdade é algo maior, que leva o Homem que a perdeu a
lutar por ela e até a morrer para reconquistá-la?
O
homem livre é o que não deve satisfação a ninguém nem está sujeito a
restrições da lei, ou é o que não está algemado, nem encarcerado, nem
aterrorizado como o transgressor em face do iminente castigo? Ou ainda, é
quando não está impedido de fazer aquilo que deseja porque não há lei
que o constrange? Será que é livre o homem que não sofre coação, mas
vive sem segurança e não consegue emprego para o seu sustento? Afinal,
Liberdade é razão, inspiração ou direito, segundo o seu significado em
filosofia, arte ou política. O amor a ela pode fazer os homens
indomáveis e os povos invencíveis. Falando sobre a Liberdade política, o
Presidente George Bush afirmou que o poderio da América está numa idéia
vibrante, porém simples: Que o povo é capaz de grandes feitos quando se lhes dá liberdade.
Entre
nós, a doutrina que a Escola Superior de Guerra divulga afirma a
condição de liberdade plena do homem, grandeza inerente à dimensão de
seu espírito. Foi exatamente essa doutrina que impediu o Brasil de
incorrer no grande equívoco marxista-leninista, dramático pesadelo do
qual recentemente despertou o leste europeu aturdido e envergonhado. E a
principal conclusão desse episódio turbulento é que não há força capaz
de segurar a ânsia de liberdade individual do ser humano, nem de
liberdade coletiva dos povos e nações.
A
resposta a essas indagações induz à busca do significado da palavra
Liberdade, para então se estabelecer o seu verdadeiro conceito segundo
os valores da cultura ocidental, e examinar alguns fenômenos
relacionados com a capacidade dos homens de serem livres.
Um
deles traz a idéia de que a Liberdade é a soberania do homem sobre si
mesmo, podendo agir livremente fazendo o que a lei não veda e a moral e
os bons costumes não condenam, de modo a não ultrapassar a linha que
divide esses direitos dos direitos de outrem. A cegueira dos radicais e
dos fanáticos impede-os de conhecerem essas divisas.
Castro Alves, ao cantar a Liberdade, disse que “A praça é do povo, como o céu é do condor”. E a ONU ao se referir à Liberdade na Declaração dos Direitos dos Povos, proclamou que “os povos não são propriedade de ninguém”. Assim, a Liberdade tal como é conhecida na América, é o consenso de um povo livre, manifestando-se livremente.
Mas
a liberdade não é só a do corpo, bem diferente da do espírito, pois só
avaliamos a liberdade do corpo quando a perdemos; e a do espírito,
somente quando a conquistamos.
Enfim,
a Liberdade parece ser um sentimento que não se sabe de onde veio nem
como defini-lo, pois apenas pode ser demonstrado. Nesse plano de idéias,
vale a observação de Victor Hugo, de que a Liberdade tem as suas
raízes no coração do povo, como as tem a árvore no coração da terra; e
como a árvore, estende os seus ramos pelo espaço, desenvolve-se sem
cessar e cobre as gerações com a sua sombra benfazeja.
Para alguns, a Liberdade
consiste em se fazer apenas o que devemos e não, tudo o que queremos.
Ela é como a saúde, que só quando nos falta é que lhe damos o justo
valor. Outros acham que as grades de uma prisão constituem a linha
divisória entre a liberdade e a servidão, pura e simplesmente, sem
qualquer outra conotação. Mas há outros que mesmo sem liberdade aceitam
as condições da sociedade em que vivem, pois não mais se incomodam com
os guardas, se conformam com as restrições impostas e levam uma segura e
até normal existência dentro das normas gerais de seu encarceramento.
Sem
dúvida que homens assim não adquirem a liberdade pelo simples
livramento. Normalmente, fora da “prisão” se tornam desajustados porque
perderam o referencial do regulamento prisional a cuja observância já
estavam habituados.
Daí,
o entendimento de que não se liberta um escravo apenas com uma carta de
alforria, porque acostumado a obedecer e a servir, ele agirá durante
muitos anos ou talvez por toda a vida, como se ainda fosse escravo. É o
caso dos cidadãos que nasceram e viveram sob o jugo dos seus tiranos
governantes sem conhecer a Liberdade!
FRAGMENTOS DO TEXTO DO Ir.`. Juvenal Antunes Pereira
sexta-feira, 12 de julho de 2013
quinta-feira, 11 de julho de 2013
Convite
A A.'.R.'.L.'.S.'. Navegantes do Oriente
nº 35
tem a grata satisfação de convidar
o Pod.'.Ir.'. e demais obreiros
de vossa oficina para a
Sessão Magna de Iniciação do candidato:
Anderson Bráulio Nóbrega
da Silva
que dar-se-á às 15:30 horas de 20 de
Julho de 2013, no Palacete Maçônico
do Grande Oriente da Paraíba, sito à
Rua da Areia 265 – Varadouro –
João Pessoa – Paraíba.
Gilvan Nóbrega da Silva
Venerável Mestre
quinta-feira, 4 de julho de 2013
MOVIMENTOS QUE DERAM ORIGEM À MAÇONARIA CONTEMPORÂNEA
Moacir Alves Borges*
Falaremos, basicamente, dos principais movimentos filosóficos e das ações político-religiosas que deram azo à formação desse imenso sodalício espalhado por esse mundo afora.
Para entendermos bem como tudo aconteceu, teremos de nos remontar aos idos do início da Renascença com a conhecida expansão do mundo ocidental, isto é, o alvorecer dos descobrimentos das Américas, gerando as inevitáveis consequências econômicas e sociais aos povos daquela época em ambos os continentes.
No bojo daquele contexto, alterou-se radicalmente a distribuição dos patrimônios privados e coletivos, além
da acentuação do desequilíbrio econômico graças à enorme transferência de metais, pedras preciosas e produtos do extrativismo das Novas Terras, que subitamente adentraram ao mercado dos reinos europeus.
As fronteiras dos países que conviviam em precário equilíbrio se expandem Tratado das Tordesilhas ,
propiciando uma onda de desvairadas ambições, acrescida de insuperáveis desavenças religiosas. Tratava-se da Idade Média de tristes lembranças.
Na Idade Média, que teve início no século 5º com a queda do Império Romano no Ocidente e terminou
no século 15 com a queda de Constantinopla, o sistema de governo predominante era o feudalismo absolutista, sendo a forma de governo o da monarquia. Interagia, entre esses dois, outro poder importante, às vezes, o mais forte, o do Clero. A função do terceiro poder seria a de manter a harmonia e a submissão da população camponesa nas terras do Velho Mundo, função essa nem sempre cumprida. O poder moderador exercido pela Igreja era embasado nos conceitos filosóficos de Platão (427-347 a.C.),
muito bem alinhavado por Santo Agostinho (354-430) aos ensinamentos do cristianismo.
Posteriormente, Santo Tomás de Aquino (1225-1275) utilizou-se dos princípios aristotélicos na tentativa de explicar com racionalidade os dogmas da revelação e do Pecado Original, tentando dar entendimento ao binômio fé/razão, que eram temas obscuros e conflitantes até então.
Mesmo assim, infelizmente, as mãos de ferro do Clero não eram mais suficientes para controlar os anseios
dos povos, que passaram a por dúvidas aos princípios dos, até então, filósofos escolásticos e bíblicos.
Ainda na Idade Média e concomitantemente ao movimento dos filósofos, ou um pouquinho antes,
entretanto com grande importância, entra em cena o grande movimento da Reforma, liderado por Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564).
As contestações continuaram com Giordano Bruno (1548-1600), negando-se acreditar na Santíssima
Trindade, além de propor o panteísmo, que posteriormente foi desenvolvido por Baruch Spinoza (1632-1677).
Giordano, tendo sido julgado pela Inquisição, ardeu na fogueira por suas idéias.
Logo em seguida o matemático Galileu Galilei (1564-1642) teve de abjurar sua teoria heliocentrista
diante da Santa Sé ao desenvolver estudos de Nicolau Copérnico (1473-1543). Muitos outros idealistas reformistas e mesmo revolucionários daqueles tempos não tiveram melhor sorte e não os citarei para não me tornar cansativo.
O fato é que, naquela época, houve grande afluxo de dinheiro e capital para o mundo ocidental, levando
as monarquias, juntamente com a nobreza e a Santa Sé, a conflitos de guerras (as Cruzadas, Góticas, Inquisição, guerra civil inglesa, Guerra da Barba, Guerra das Rosas e a dos Cem Anos), grassando injustiça social, onde só a nobreza e os religiosos locupletavam-se. As guerras eram sistemáticas, com grande sofrimento e perda de vidas humanas. Insegurança era absoluta nas cidades e nos campos. Era choro e ranger de dentes para o povo.
A Contrarreforma, que teve início com o Concílio de Trento (1545-1563), que já liquidara com Giordano
Bruno, estendeu os tentáculos a todo o mundo conhecido, chegando inclusive ao Brasil, na qual foi vitimado o padre Antônio Vieira (1608-1697).
Ao lado desse caldeirão em ebulição, surgiram, após o século 16, pensadores propondo novas maneiras de
relacionamento entre as pessoas, as nações e as coisas entre si. Assim, René Descartes (1596-1650) desenvolveu o método científico racional, onde propunha relação matemática para explicar todo e qualquer fato, sendo referência obrigatória a todos os demais pensadores e principalmente pesquisadores.
Quanto ao relacionamento entre as pessoas, houve muitos avanços, dos quais podemos citar o empirista
Thomas Hobbes (1588-1679) e o empirista liberal John Locke (1632-1704), que abordaram o homem como ser natural e social.
Com esse estágio do pensamento, o século 17 começa com um grande movimento que teve o nome de
Iluminismo. Dentre alguns pensadores iluministas, citam-se Charles Louis de Secondat ou simplesmente
Montesquieu (1689-1755), com sua obra O Espírito das Leis, criando os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário); Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), com o Contrato Social, onde desenvolve a maneira liberal de se viver, com obediência ao conjunto de leis aprovadas pelos cidadãos, a Constituição, contrapondo-se ao poder absolutista do homem natural de Hobbes.
Veja, é nesse geleia procelosa que surge ambiente ideal para criar ideais propugnando a convivência
embasada no respeito, na tolerância às diferenças de quaisquer espécies, inclusive as religiosas e doutrinárias
existentes, e que o embate e as discussões, quando necessárias, se dessem apenas no campo das ideias para que todos tivessem perspectiva de vida plena e futuro com esperança.
O destaque desse pensamento foi pinçado no conceito social de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, de
Rousseau, nos livros O Contrato Social e Emílio, ambos editados em 1762. Infelizmente, dado o caráter explosivo desses novos ideais e por propor alterações nos privilégios de séculos e séculos, a França desembocou em uma das mais horrendas fases da humanidade, a do Reinado do Terror, com a emblemática Queda da Bastilha, dando início à Idade Contemporânea. A Revolução Francesa possibilitou um marco quando conquistou a cidadania na história dos povos ocidentais.
Alguns daqueles reformadores, que por serem pensadores livres (franco), lideraram um movimento a partir
de usos, costumes e práticas dos então construtores de templos e catedrais da velha Europa de rígida disciplina, visando a uma nova maneira de convivência entre os homens. Esses pensadores livres idealistas tornaram-se, então, os maçons livres e aceitos. Esses recém-aceitos na antiga confraria dos construtores passaram a construir não os templos de tijolos e cimento, mas os templos sociais, a partir da construção do “Eu” pessoal. Criaram alegorias míticas (o mito do Mestre Hiram Abif) e místicas (partes do Velho e Novo Testamento), dando consistência humanística aos novos iniciados e demais seguidores dos Augustos Mistérios.
Muitas outras personalidades engajadas nesses novos pensamentos e princípios deram início em outros
movimentos sociais de emancipação de povos ou de grupos excluídos, como ocorreu nos Estados Unidos da América, com George Washington (1732-1799) e Thomas Jefferson (1743-1826); na América do Sul com Simon Bolívar (1783-1830), no Brasil, durante a Independência, com José Bonifácio (1763-1838) e Gonçalves Ledo (1781-1847); e durante o período abolicionista, destacando-se Américo Basílio de Campos (1835-1900); durante a República, com Fonseca (1827-1892) e Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1849-1910), etc.
Dessa forma, muitos participantes ativos dos movimentos do Renascimento e do Iluminismo foram, certamente, embora nem todos aqui citados, os iniciadores da Maçonaria que hoje conhecemos. Assim, podemos afirmar que a Maçonaria, que nasceu de momentos conturbados da história do mundo ocidental, como sempre acontece, tornou-se uma instituição liberal e de vanguarda com história de luta e sacrifícios no passado e olhos firmes no futuro.
Finalizando, entende-se que aqueles primeiros pensadores criaram a Instituição Maçônica, para, em seguida
e até os dias atuais, a instituição criada formar tantos e tantos maçons, que passaram a constituir alicerce e reserva moral dos povos contemporâneos.
* Membro da A.'.R.'. L.'. Aprendizes do III Milênio, do Or.'. de São José do Rio Preto, SP.
Fonte: · Transcrito do jornal “O COMPANHEIRO”, edição nº 84 (outubro,novembro e dezembro de 2010).
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